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Alimentos orgânicos: quais as diferenças para os outros e como identificá-los


A cada momento surgem novos tipos e categorias de alimentos e produtos para alimentação. Entre elas, destacamos a de alimentos saudáveis que, hoje, já movimenta cerca de 34 bilhões de dólares ao ano só no Brasil, colocando o país na quarta posição no ranking de mercado de produtos saudáveis, segundo matéria publicada recentemente na revista Exame.


Os alimentos naturais e orgânicos fazem parte dessa categoria que vem conquistando cada vez mais espaço na mesa dos brasileiros. Por isso, conhecer cada vez melhor esses alimentos para fazer escolhas mais saudáveis no dia a dia torna-se fundamental.


As diferença entre os alimentos naturais e os alimentos orgânicos


Alimentos naturais

Os alimentos naturais, como o próprio nome sugere, são aqueles que vêm diretamente da natureza para a mesa. Ou seja, eles não passam por nenhum processo de industrialização. Para o médico e especialista em medicina esportiva, Leonardo Souza, os alimentos naturais “são todos os produtos vindos da natureza, que não foram processados pela indústria, ou seja, são livres de ‘aditivos alimentares’ usados para melhorar seu aspecto e sabor”, explica.


Esses produtos não são, necessariamente, livres de aditivos químicos, como adubos artificiais e fertilizantes sintéticos. Sendo assim, os alimentos naturais podem, ou não, ser orgânicos. A quantidade de gorduras ou calorias presentes nesses alimentos pode não ser pequena, se relacionada à quantidade presente em determinados produtos, mas são gorduras e açúcares considerados saudáveis, afinal, não passam por intervenções industriais e mantêm os nutrientes que estão presentes naturalmente nesses alimentos.



Alimentos orgânicos

Já os alimentos orgânicos são cultivados e produzidos sem o uso de qualquer aditivo químico. Ou seja, são 100% livres de agrotóxicos, pesticidas, herbicidas, adubos e fertilizantes artificiais, drogas veterinárias, hormônios, antibióticos ou transgênicos.


Para que um alimento seja considerado orgânico, todas as etapas do seu processo de produção, que compreende o plantio, o cultivo, a colheita, a estocagem e o transporte, devem atender às regras estabelecidas pelos órgãos de certificação orgânica. Ou seja, mesmo quando um produto é cultivado de forma natural, caso alguma etapa de produção fuja às regras de certificação, ele será classificado apenas como um alimento natural, mas não receberá o selo de orgânico.


Segundo o médico Leonardo Souza, os alimentos orgânicos são sempre uma boa pedida para o cardápio. “Dar prioridade aos alimentos na forma orgânica é uma boa estratégia para uma alimentação realmente saudável”, sugere.



Alimentos naturais e a desintoxicação do corpo

O almoço é sempre fora de casa e a janta, algum congelado industrializado. No fim de semana, pizza, refrigerantes e muitos doces têm passagem livre. Uma hora o corpo pede por uma desintoxicação. Para isso, nada de shakes ou receitas milagrosas. A melhor forma de eliminar as toxinas absorvidas pelo corpo é a “limpeza” com alimentos naturais.


A nutricionista funcional Danusa Yanes concorda que após grandes comilanças, vale investir em alimentos que ajudem nesse método. “Quando nos submetemos a uma sobrecarga alimentar podemos, sim, fazer um processo de desintoxicação mais intenso nos dias seguintes.” A psicóloga Karina Darold, 32 anos, conta que usa alguns alimentos de forma preventiva, mas dá mais importância a eles principalmente quando exagera na comida.


No entanto, ingerir alimentos com propriedades desintoxicantes deve ser uma prática diária e contínua. “Em cada refeição, deve-se ingerir mais hortaliças, frutas e legumes e ficar longe dos alimentos processados”, ressalta Danusa.

A nutricionista funcional Flávia Sguario lembra que “funcionamos por processos e não por mágica” e que manter a hidratação é fundamental, já que a substância tóxica precisa ser eliminada pelos rins. “Uma dica interessante é bater a água de coco natural com frutas e hortaliças. O resultado é uma boa desintoxicação”, afirma Flávia.


Atualmente, o acúmulo de substâncias tóxicas no corpo é proveniente de diversas vertentes: de alimentação desregrada à exposição a substâncias estranhas, como produtos de limpeza, pesticidas, fixadores de perfume e cremes. Danusa explica que essas toxinas geralmente se acumulam nas células de gordura e no fígado. O tipo de gordura que ingerimos é determinante no nosso processo de desintoxicação, devemos dar preferência ao azeite de oliva, óleo de canola ou arroz e óleo de coco extravirgem. Sempre com moderação e bom senso.


Confira os sinais que o seu corpo dá quando está precisando passar por uma desintoxicação:


• Sensação de inchaço e retenção de líquidos • Dores de cabeça • Mau hálito e gosto metálico na boca • Falta de apetite de manhã e fome excessiva de noite • Náuseas pela manhã, olheiras, fadiga, falta de energia e cansaço • Formação excessiva de gases abdominais

Alguns produtos devem entrar na lista dos proibidos, só saindo de lá de vez em quando e com moderação. São eles:

• Produtos industrializados (ricos em sódio e conservantes) • Frituras e lanches de rua • Itens que contêm gordura saturada (carne vermelha, leite integral, queijos) • Produtos com gordura trans (biscoitos recheados, macarrão instantâneo, sorvete de massa) • Farinha branca


Sobre o uso de agrotóxicos

No Brasil, o uso de determinados tipos de agrotóxicos é regulamentado por lei e permitido nas produções agrícolas para proteger as lavouras de pragas. De acordo com a revista EcoDebate – Cidadania e Meio Ambiente, o Brasil é hoje o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Grande parte desses venenos permanece nos alimentos e vai direto para a mesa dos brasileiros. Segundo o Sindicato Nacional de Produtos de Defesa Agrícola (Sindage), cada brasileiro ingere em média 5 litros de agrotóxicos por ano, em decorrência do consumo de produtos contaminados.


Uma pesquisa divulgada pela Divisão de Alergia e Imunologia Clínica, do Departamento de Pediatria da Universidade La Sapienza em Roma, na Itália, diz que a ingestão de agrotóxicos através da alimentação podem provocar alterações imunológicas no organismo, favorecendo o desenvolvimento de alergias, principalmente as alimentares.


De acordo com Javier Andrés Vilanova Garcia, doutor e professor em nutrição, o consumo de produtos orgânicos é o mais seguro, tanto para a saúde humana, quanto para a preservação do meio ambiente.


“Do ponto de vista de resíduos químicos, de fatores nutricionais e até dos princípios ativos, os alimentos orgânicos são comprovadamente superiores e os mais apropriados para o consumo, pois são livres de agrotóxicos, herbicidas, pesticidas, biocidas artificiais e, além disso, são GMO Free, ou seja, a produção é livre de transgênicos”, explica Javier.



Como funciona a certificação de alimentos orgânicos

Que os alimentos orgânicos são muito mais saudáveis, nutritivos e saborosos, isso todo mundo já sabe. O que talvez fuja ao conhecimento de boa parte da população são os processos pelos quais esses alimentos devem passar para serem reconhecidos e certificados como orgânicos.


Um produto é orgânico de verdade quando:

• Respeita as normas estabelecidas em lei nº 10.831 de 23 de dezembro de 2003, que estabelece as normas de produção, embalagem, distribuição e rotulagem de produtos orgânicos;


• Possui 95% de ingredientes originários da agricultura orgânica em sua composição;


• Recebe a Certificação Orgânica emitida pelas instituições certificadoras e associações responsáveis pela fiscalização da produção.


Existem três diferentes processos para obter a certificação orgânica no Brasil: a Certificação por Auditoria, o Sistema Participativo de Garantia e a Organização de Controle Social. Esses processos funcionam de diferentes maneiras e atendem as diferentes classes, como a agricultura familiar, o pequeno e o grande agricultor.




Certificação por Auditoria

A Certificação por Auditoria é o processo mais comum entre os grandes produtores orgânicos. Nele, uma empresa de auditoria é contratada para vistoriar as instalações e todas as etapas de fabricação do produto, que devem estar em conformidade com as exigências sanitárias, trabalhistas e com as normas de produção orgânica, que proíbem o uso de qualquer aditivo químico, desde o plantio até o armazenamento e transporte. A empresa contratada vistoria o local de produção duas vezes ao ano e possui autonomia para avaliar, orientar e certificar os produtos como verdadeiramente orgânicos. Ao fim da avaliação, caso tudo esteja dentro do padrão, o produto é certificado e recebe o selo de orgânico que garante a conformidade da produção com as regras e padrões nacionais e internacionais.




Sistema Participativo de Garantia

No Sistema Participativo de Garantia, os produtores agrícolas se unem para vistoriar uns aos outros, garantindo a regularidade das etapas de produção, armazenamento, transporte e comercialização dos produtos, com base nas leis que regem a produção de orgânicos. As certificadoras que atuam através desse sistema devem possuir um Opac – Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade, legalmente registrado no Ministério da Agricultura. Para fazer parte do Sistema Participativo de Garantia, o agricultor, geralmente de pequeno porte, deve entrar em contato com o Opac e entregar toda a documentação necessária. Depois, o local de produção recebe a visita de inspetores duas vezes ao ano e o próprio Opac define se o produto pode receber a certificação ou não.



Organização de Controle Social


Já no caso da Organização de Controle Social, o agricultor, que neste caso é o familiar, pode comercializar o excedente da sua produção, isenta de qualquer aditivo químico, desde que faça parte de um grupo de controle social reconhecido junto à Superintendência Federal da Agricultura da região onde ele mora. Depois de comprovar a capacidade de produção orgânica, a plantação também passa por uma vistoria, assim como nos outros processos.



Se você curtiu essa publicação, e quer saber mais, temos mais postagens sobre produtos orgânicos por aqui :)


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